quarta-feira, 1 de abril de 2009

O ENEM substituindo o Vestibular das Federais


Fábio Rodrigues Pozzebom/ABr
Proposta. O ministro da Educação, Fernando Haddad, fala sobre a unificação dos vestibulares
Educação.Exame Nacional do Ensino Médio definiria o ingresso nas instituições federais de ensino superior
MEC propõe um novo Enem e a aposentaria do vestibularObjetivo é realizar prova unificada ainda este ano nas universidades
Murilo RochaBrasília. O Ministério da educação (MEC) apresentou ontem a proposta para aposentar o vestibular tradicional realizado de forma isolada pelas universidades. O projeto do MEC enviado anteontem a reitores de universidades federais prevê a reformulação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) para transformá-lo em um vestibular único para ingresso nas instituições de ensino superior do país. A intenção do ministério é já a partir de outubro deste ano realizar o exame unificado em pelo menos boa parte das 55 universidades federais brasileiras, além das estaduais.O novo Enem teria 200 questões (hoje são apenas 63) mais a redação divididas em quatro grandes temas: conhecimentos humanos, matemáticos, de linguagem e de ciências da natureza. As provas teriam 50 questões de cada tema e testariam o nível de informação e compreensão do aluno, além da sua capacidade de usar em situações prática o conhecimento adquirido. A ideia é realizar no mínimo dois exames por ano, sendo cada um deles em um final de semana."Primeiro, definimos como será a nova prova. Agora vamos discutir com as universidades como poderá ser feita essa distribuição dos alunos para cada instituição", disse o ministro Fernando Haddad. Na próxima semana, ele e representantes do MEC se reúnem com diretores da Associação Nacional de Docentes de Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) para debater o projeto.De acordo com Haddad, o aluno, de posse de sua nota, escolherá em qual instituição e em qual curso vai estudar. No entanto, o critério de qual pontuação será necessária para qual curso ainda ficará a critério das universidades. "Os mais bem-sucedidos ocuparão os melhores postos", afirmou.Correção. Ainda conforme o ministro, o objetivo da medida é corrigir distorções provocadas pelo atual vestibular sobre o conteúdo dado pelas escolas aos alunos do ensino médio, além de possibilitar maior mobilidade de estudantes para instituições fora de seus Estados. "Queremos reorganizar o ensino médio e isso depende dessa medida. Estamos em uma armadilha", criticou, referindo-se ao direcionamento do ensino hoje para as particularidades do vestibular de cada universidade.As inscrições para o novo Enem seriam feitas da mesma forma que hoje. O valor seria R$ 35 para alunos egressos de escolas particulares e a isenção de taxa para estudantes da rede pública. A prova poderia ser realizada tanto por quem está concluindo o ensino médio como por quem já concluiu.Comparação0,04%Dos estudantes brasileiros entram na universidade hoje fora do seu Estado de origem
20%Dos alunos nos Estados Unidos cursam universidade em outros Estados

Minas

UFMG defende ideia, mas com muita cautelaO pró-reitor de graduação da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Mauro Braga, afirmou ontem que a preocupação do ministro da educação, Fernando Haddad, em mudar a forma de acesso às universidades públicas é correta. “Temos de encontrar mecanismos mais adequados para o acesso à universidade. A ideia de um vestibular que simplifique esse acesso vai na direção do que boa parte da UFMG quer.”Braga alertou, no entanto, que esse processo precisa começar como um projeto-piloto. Segundo ele, é preciso ter cautela para, por exemplo, evitar que uma região desfavorecida perca profissionais para o Sul e Sudeste.O pró-reitor explicou que a Federal não teria condições de adotar um novo modelo de avaliação antes de 2011. “Pelo estatuto e regimento interno da UFMG, não daria tempo”, justificou. Segundo ele, o vestibular unificado exigiria uma mudança no regimento interno e também precisaria ser aprovado pelo Conselho Universitário – formado por diretores das faculdades e representantes dos alunos, dos professores e dos funcionários. Braga revelou que a UFMG já vinha promovendo um debate interno – a passos lentos, segundo ele – sobre a unificação do vestibular para as universidades federais em Minas. (Carla Chein)

Adesão

Exame único não será obrigatório a todosBrasília. A expectativa do governo federal é conseguir uma grande adesão ao sistema de prova única, principalmente, entre as instituições públicas. O sistema não será obrigatório e também poderá servir apenas como uma seleção prévia entre os estudantes. No entanto, o ministro Fernando Haddad reforçou a meta de suplantar os vestibulares paralelos das universidades.“O novo Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) não inibe iniciativas das universidades, como, por exemplo, uma prova de desenho aplicada posteriormente para um curso de arquitetura. Mas queremos eliminar sobreposições. O exame será pensado e construído em conjunto com as universidades aderentes para eliminar o vestibular”, enfatizou Haddad.De acordo com o ministro, o novo método não atrapalharia também iniciativas do próprio governo federal como o sistema de cotas para estudantes negros ou carentes. (MR)UFV faz críticas à mudançaPara o diretor de vestibular e exames da Universidade Federal de Viçosa (UFV), Orlando Fonseca Rodrigues, a mudança pode ser complicada sob o ponto de vista operacional. Segundo ele, a mudança é complicada devido a questões de sigilo e de logística. O diretor disse temer que a mudança interfira na autonomia das universidades – o que, para ele, vai na contramão das atuais políticas do Ministério da educação – e que questões regionais sejam banidas dos exames. (Da Redação)
Publicado em: 01/04/2009FONTE: http://www.otempo.com.br/otempo/noticias/?IdNoticia=107218&busca=educa%E7%E3o&busca=educa%E7%E3o&busca=educa%E7%E3o

Amilcar Figueiroa Peres dos Santos

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