segunda-feira, 9 de março de 2009

Atividades 2º ano Leon Renault

Antes de começar a atividade é importante relembrarmos a história recente da guerra no Iraque. Procure no google informações a respeito da invasão americana no Iraque em 2003 e faça uma leitura crítica e detalhada deste acontecimento.

1) Ler atentamente a crônica, sob forma dialogal, abaixo:

Diálogo entre pai e filho
Frei Betto

- Pai, por que o nosso país invadiu o Iraque? – perguntou Billy, de 8 anos.- Lá tinha armas de destruição em massa.- Mas a TV disse que os inspetores não acharam nada.- Os iraquianos esconderam. E nosso governo sabe que invasões funcionam mais que inspeções.- Se tinham tais armas, por que não usaram quando atacamos?- Para que ninguém soubesse que eles têm as armas. Preferem morrer a defender-se.- Como um povo pode preferir morrer a defender-se?- A cultura deles é diferente. Preferem morrer e ir logo para junto de Alá. E lembre-se de que Saddam Hussein era um cruel ditador.- Como cruel?- Torturava e matava gente.- Como na China comunista?- A China é diferente, seu povo trabalha para as nossas empresas, reduzindo os custos da produção e aumentando nossos lucros.- Mas a China não é comunista?- É.- E os comunistas não são maus?- Só os comunistas da Coréia do Norte e de Cuba, que prendem e torturam gente.- Como fazemos em Bagdá?- É diferente. Nós prendemos e torturamos em defesa dos direitos humanos e da liberdade.- Foi o que fizemos no Afeganistão?- Lá foi por causa do Osama Bin Laden.- Ele é afegão?- Não, é saudita.- Como os 15 dos 19 seqüestradores suicidas do 11 de setembro?- Sim.- E por que não invadimos a Arábia Saudita?- Porque o governo de lá é nosso amigo.- Como era Saddam em 1980, ao combater o Irã?- Sim, quem combate o nosso inimigo é nosso amigo.- E por que temos inimigos?- Porque muitos povos têm inveja do nosso progresso.- Mas, pai, inveja não é problema do invejoso?- O invejoso de hoje pode virar um terrorista de amanhã.- O que é um terrorista?- É uma pessoa que não pensa como nós pensamos.- Mas não defendemos a liberdade de opinião?- Só a que não vai contra a nossa opinião.- O Iraque nos atacou?- Não, mas agora fazemos guerras preventivas, evitamos o mal antes que a semente dele caia na terra.- Nós é que produzimos as armas empregadas nas guerras?- Boa parte delas, pois a guerra favorece nossa economia.- Quer dizer que ficamos ricos às custas da morte de outros povos?- É a lógica do mercado.- Mas, pai, uma vida humana não vale mais que um míssil? Não foi isso que você me ensinou?- Teoricamente, sim, mas na prática não é assim. Para o mercado, só tem valor a vida que está dentro dele, a do consumidor.- E as outras vidas?- Filho, nada em excesso é bom. Muito vento causa furacão; muita água, enchente; muitas bocas, fome.- Quer dizer que nós matamos como Saddam e o Talibã matavam?- Nós matamos a favor da liberdade; eles, contra.- Inclusive crianças como eu?- Você não é como elas. Não temos culpa de os nossos inimigos terem filhos.- Deus aprova isso?- Sim, nosso presidente fala diretamente com Deus.- Como assim?- Ele escuta a voz divina em sua cabeça. Deus o elegeu para fazer a guerra do bem contra o mal.- Mas Deus e Alá não são a mesma pessoa?- Billy, chega de perguntas. E, por favor, não confunda o nosso Deus com o deles...
(Estado de Minas, Cultura, p.10, 30/09/04)
2) O texto acima é exemplar para entendermos o que se denomina argumentação: na discussão política entre um pai e o seu precoce filho de 08 anos, é possível percebermos que Billy não é um interlocutor qualquer.
Em diversos pontos, a argumentação de Billy é mais coerente e madura do que a de seu pai. Identifique alguns desses fragmentos.
3) Freqüentemente, Billy introduz suas falas pelo conectivo mas ( que, como todas as conjunções coordenativas, é retrojetiva, isto é, aponta para algo que veio antes). Ao fazê-lo, o que se pode perceber das perguntas de Billy?
4) O pai de Billy, em sua fraca argumentação, nos dá exemplos de verdadeiros paradoxos. Identifique algum(-ns) deles e discuta com seu grupo:
paradoxo - afirmação ou opinião que, à primeira vista, parece ser contraditória, mas na realidade expressa uma realidade possível; contra-senso.
5) A discussão entre pai e filho nos deixa entrever uma série de “imagens” (resentações) que o mundo inteiro construiu dos Estados Unidos, devido a sua teimosia em atacar o Iraque, desconsiderando recomendações da ONU (e de outras instâncias políticas). Faça uma listagem de trechos que mostram essa representação:
Ex: - Valorizam apenas “a vida que está dentro do mercado”, isto é, o consumidor;
6) Pesquisa em grupo: em nome da religião, muitos matam e justificam seus atos de crueldade. O texto opõe a religião católica e a islâmica. Procurem saber a respeito dos fundamentos de cada uma e avaliem a fala final do pai de Billy:
“E, por favor, não confunda o nosso Deus com o deles...”

Roteiro de Atividade: Argumentação e contra-argumentação: texto dialogalCurrículo Básico Comum - Língua Portuguesa Ensino Médio
Autor(a): Ev’ Ângela Batista Rodrigues de Barros
Adaptação Elck Marra Neto